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Arquivado: Casa da Inquisição – Centro Interativo da História Judaica em Monsaraz

Atualizado em 31/03/2023

Horário:segunda a quinta-feira: 10h30-13h00 | 16h00-22h00; sexta-feira a domingo: 10h00-23h00

Percorrendo as brancas e inclinadas ruas de Monsaraz, deparamo-nos, para as bandas da alcáçova, ao fundo da Rua de Santiago, com uma casa de dois pisos, com painel azulejado entre duas janelas de cantaria, que a tradição local afirma ter sido um tribunal da inquisição.

Não foi, de certeza, um tribunal da Inquisição, porque o pequeno burgo de Monsaraz nunca possuiu semelhante desígnio e os julgamentos dos crimes dos cristãos-novos montesarenses eram da competência do Santo Ofício de Évora.

Julgamos que o “edifício da Inquisição” em Monsaraz tenha apenas funcionado como albergue de um familiar do Santo Ofício ou, quanto muito, como estadia temporária de acusados, que mais tarde seriam julgados no Tribunal do Santo Ofício em Évora. Mas a nossa história judaica não começa com a Inquisição no século XVI. A antiguidade da minoria hebraica de Monsaraz encontra-se já documentada no foral concedido por D. Afonso III em 1276, e suspeita-se ainda nos termos da carta lavrada em Monsaraz a 15 de maio de 1317, já no reinado de D. Dinis, aludindo à venda de Mourão ao mercador Martim Silvestre, pai do cavaleiro Gomes Martins, em 19 de abril do mesmo ano.

No reinado de D. Fernando, em outubro de 1382, deparamos com um judeu importante, que as fontes documentais dão como morador em Monsaraz. Esse judeu chamava-se Abrão Alfarime, “morador em Monsaraz” e, numa carta de arrendamento dos direitos pertencentes aos almoxarifados de Monsaraz e Mourão, expedida de Lisboa pelo Rei D. Fernando e dirigida ao almoxarifado e escrivão de Monsaraz e Mourão, figura ele como arrendatário desses privilégios reais.

São várias as fontes que nos indicam, com alguma precisão, a existência de provas documentais e arqueológicas que atestam a subsistência de uma próspera comunidade judaica em Monsaraz. Por isso, queremos que a Casa da Inquisição seja, não só um lugar onde possa confluir essa informação, mas sobretudo, seja geradora de ideias para a interpretação e entendimento da nossa história e das suas gentes, enquanto produto e memória. Será, sem dúvida, um elemento dinamizador do concelho e congregador de uma nova dinâmica histórico-cultural.