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Arquivado: Exposição “Now and ever oliveiras”

Atualizado em 31/03/2023

Exposição de fotografia de Renée Gagnon inserida na bienal cultural Monsaraz Museu Aberto 2018

Horário: sextas, sábados e domingos: 10h00-13h00 | 14h00-23h00. Segunda a quinta-feira: 10h00-13h00 | 14h00-22h00

​​​da Oliveira​​​
A busca da eternidade é obsessão de todas as religiões.
O que mais se assemelha a essa busca é a existência de árvores que atravessaram os séculos e continuam a dar fruto. A Oliveira é uma dessas árvores mágicas. Provavelmente oriunda da Turquia, cobria outrora matas silvestres de toda área circundante do Mediterrâneo e suas ilhas. A Oliveira brava é mais antiga que o aparecimento do homem.
Em Bechealeh, no norte do Líbano, encontram-se Oliveiras de uma idade superior a seis mil anos que assistiram ao Dilúvio. Segundo a Bíblia, foi uma pomba que levou a Abraão o ramo de Oliveira que anunciou o fim da ira de Deus. Segundo Homero, a deusa Atena plantou uma Oliveira na Acrópole, para auspiciar prosperidade.
A literatura ocidental refere-se inúmeras vezes à Oliveira. Ainda existem no Alentejo e no Algarve exemplares com mais de dois mil anos.
Quando as vi pela primeira vez, senti um choque físico, quase carnal; a reflexão cultural veio mais tarde. Estes gigantes retorcidos, bojudos, enrolados sobre si mesmos ou explodindo em vários troncos, ao mesmo tempo pedra e seiva, são extremamente impressionantes.
Peguei na máquina fotográfica para fixar a minha emoção.
Depois do primeiro choque no Alentejo, fui procurá-las na Sardenha (espécimes de mais de quatro mil anos), ao sul de Barcelona (a maior concentração do mundo de oliveiras milenares, mais de quatro mil e duzentos exemplares) e em Creta. Fotografei-as à luz da Primavera, do Verão, do Outono e do Inverno. Entraram no meu corpo e restitui-as com a minha sensibilidade, o meu percurso artístico e humano.
Usando técnicas de manipulação e transformação da imagem fotográfica, obtenho impressões a cores de grande dimensão (1,26 m de largura) de árvores isoladas que recrio manualmente. Paralelamente trabalho sobre impressões de pequenas dimensões, de olivais com árvores mais jovens, que assumem tons de aguarela. Antepondo um acrílico muito espesso, transformam-se em objectos.
Umas e outras procuram comunicar a emoção que me transmitiram e transmitem estes gigantes do tempo, e consubstanciam em mim a Ideia que tenho hoje da Oliveira.