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Arquivado: Exposição “O pão, o forno e o forneiro”

Atualizado em 31/03/2023

Exposição de fotografia dos arquivos de Mário Leitão, António Murteira e do Arquivo Municipal de Reguengos de Monsaraz, inserida na bienal cultural Monsaraz Museu Aberto 2018

Horário:dias úteis: 12h00-22h00 | fim-de-semana: 11h00-22h00

O Forno Comunitário de Mon​saraz

Em Monsaraz, como em quase todas as povoações antigas, a vida girava em torno do forno comunitário. Salvo raras exceções quase todas as famílias tinham de cozer o seu pão no forno da vila.
Amassavam de 8 em 8 dias o pão que iriam consumir durante a semana.
O forno era “gerido” pelo forneiro/a. As freguesas iam pedir forno e o forneiro , para tornar o negócio mais rentável, juntava três ou quatro freguesas para  que o acendessem.
O forneiro mandava-as amassar o pão  para que ele “fintasse” (levedasse) ao mesmo tempo, pois só assim podia ir para o forno todo junto.

​​​​O Trabalho do forneiro

O trabalho do forneiro era muito duro e pouco compensatório.
Depois de juntar as freguesas para a cozedura, o forneiro tinha de ir à lenha para aquecer o forno. Mandava-as amassar e algum tempo depois ia ver em que condições estava a massa, se já estava quase lêveda ou não. Caso a massa já estivesse quase no ponto (sinal que era colocado no alguidar) o forneiro preparava-se para mais uma etapa.

A preparação do forno​​

O forno era então aceso pela primeira vez para que estivesse perfeito para cozer o pão. Os passos que tinha de seguir eram os seguintes:

1º Colocar a lenha no forno e deixá-la arder até estar toda queimada;
2º ”Esborralhar” (espalhar) as brasas pelo forno para fazer “solo” (aquecer o fundo do forno);
3º Puxar as brasas para um canto do forno com o “esborralhador” e varria o forno com o varredor molhado em água;
4º Enchia novamente o forno com lenha e deixava-a a arder até que as freguesas tendessem o pão;
5º Repetia o 2º e o 3º passo.

​​​​O cozer do pão e o pagamento “ poia”

Depois de as freguesas terem os pães tendidos e de o forneiro ter o forno preparado, este ia buscar os pães à casa das freguesas. Como eram três ou quatro freguesas na mesma cozedura, tinham de assinalar os pães para que cada uma ficasse com o que lhe pertencia. Os de uma freguesa levava um “belisco”, os de outra levava um buraco com um pauzinho e os de outra não levavam nada, ,por exemplo
Depois de o pão cozido, o forneiro ia levá-lo à casa das freguesas mas antes retirava o seu pagamento – a “Poia” ou “Maquia”.
Por cada alqueire de farinha (10kg) correspondia um pão de dois quilos
Por alqueire e meio Correspondia um pão de 2kg e uma merendeira de 1 kg
E assim sucessivamente…

Todas estas informações foram facultadas pela D. Mariana Morais, filha de uma das forneiras que mais pão cozeu em Monsaraz a Ti Maria Morais.  Alguns dos utensílios ainda foram utilizados por ela neste duro oficio.