Encontros de Monsaraz 2023 | “As Associações de Desenvolvimento Local e a Defesa do Património”
Atualizado em 03/08/2023A 24ª edição dos “Encontros de Monsaraz”, que a ADIM organiza desde1990, debate, como habitualmente, temas importantes para a Vila histórica, sua envolvente, e Alentejo em geral. Nesta edição, em que a ADIM também comemora o seu 35º aniversário, vamos debruçar-nos sobre o papel das associações de desenvolvimento local na defesa do património.
Na edição passada verificamos como existem atualmente problemas acrescidos na salvaguarda da paisagem tradicional, tal a violência que as alterações no território estão a provocar. Em especial no património edificado e arqueológico, mas também no património natural. Estas acções aceleradas prejudicam gravemente a própria imagem do Alentejo, perdendo-se o coberto vegetal e o equilíbrio da biodiversidade pela alteração profunda das culturas e técnicas agrícolas tradicionais. Os solos são explorados até aos seus limites, contribuindo-se assim para a desertificação global.
Consideramos, por estas razões, que cada vez mais é essencial o papel destas associações cívicas que, atentas à realidade e aos factos desastrosos, os divulgam e tentam impedir pelos meios ao seu alcance. Meios esses que, espantosamente, cada vez são mais limitados e difíceis de utilizar, sendo os ataques cada vez mais difíceis de impedir. Muitas destas atividades são feitas com o conhecimento e o favorecimento de entidades que deviam ter uma posição exatamente ao contrário daquela que têm. Se a maioria dos casos de destruição acontecia por desconhecimento e falta de acompanhamento, hoje perdeu-se o descaramento e as destruições são premeditadas, planeadas e feitas com rapidez e eficácia de modo a que não se dê por elas. Nos últimos anos foram arrasados mais de 300 monumentos arqueológicos pela incúria, pela voracidade e avareza desta nova forma de gestão agrícola e pela sua falta de respeito pelo território. Para além de gastarem desmesuradamente recursos aquíferos e de esgotarem os solos, destroem ainda património genético, vegetal e toda a biodiversidade essencial para a sobrevivência da paisagem humanizada. Nada escapa a este arrasamento. Para além de monumentos, simples construções rurais como muros, caminhos, poços, charcas, pontões e linhas de água, ou seja, tudo o lhes impeça a instalação do seu negócio, é varrido e eliminado.
Teremos assim intervenções de investigadores e especialistas na defesa do território, dos valores patrimoniais e do homem, figura central da paisagem. Pretendemos dar assim um pequeno contributo para a reflecção sobre o papel destas associações tão pouco acarinhadas, quando não, mesmo perseguidas. Os pedidos de inscrição devem ser feitos para o mail encontrosdemonsarazadim@gmail.com, ou nos dias dos encontros na Igreja de Santiago em Monsaraz.