Monsaraz volta ao centro da antropologia com a apresentação do livro “Ricos e Pobres no Alentejo”, de José Cutileiro
Atualizado em 15/12/2025Autarquia promove sessão de apresentação da reedição da obra que descreve a vida social e económica de Monsaraz no estudo antropológico realizado de 1960 a 1967
O livro “Ricos e Pobres no Alentejo”, de José Cutileiro (1934-2020), vai ser apresentado hoje, dia 15 de dezembro, pelas 18h, na Igreja de Santiago, na vila medieval de Monsaraz, num evento promovido pelo Município de Reguengos de Monsaraz. A reedição desta obra, um clássico da antropologia portuguesa e europeia publicado em 1971, foi editada pela Imprensa Nacional e pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo.
O antropólogo José Cutileiro realizou em Monsaraz entre 1960 e 1967 o trabalho de campo que serviu de base para a sua tese de doutoramento na Universidade de Oxford, “A Portuguese Rural Society”, depois traduzida como “Ricos e Pobres no Alentejo”, que constitui um dos primeiros estudos antropológicos detalhados sobre uma comunidade rural portuguesa. Durante esses anos, estudou a vida social e económica de Monsaraz, que no livro aparece com o nome fictício de Vila Velha.
Foi em Monsaraz que José Cutileiro observou de perto a estrutura agrária tradicional, marcada pelo peso dos grandes proprietários e pela dependência económica dos trabalhadores rurais, que definiram durante décadas a organização social da região. A estratificação social, claramente visível em Monsaraz, permitiu ao investigador analisar de forma rigorosa as dinâmicas de poder e as fronteiras simbólicas entre proprietários, rendeiros e assalariados, descrevendo com detalhe as relações de trabalho sazonais, frequentes nas herdades em redor da vila, revelando o impacto direto dos ciclos agrícolas na vida das famílias locais.
O estudo destaca também a vitalidade da vida comunitária, centrada no centro da vila, na igreja e noutros espaços de sociabilidade onde se negociavam alianças, reputações e conflitos. Monsaraz surge como exemplo marcante de uma comunidade onde tradições, rituais e redes de parentesco desempenhavam um papel essencial na manutenção das identidades e na organização do trabalho. Ao revisitar esta obra, torna-se evidente que a profundidade do retrato social apresentado, deve muito ao contacto direto de José Cutileiro com os habitantes da vila.
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